O TRATAMENTO ODONTOLÓGICO COMO GERADOR DE ANSIEDADE.
Rosana de Fátima Possobon; Karina Camillo Carrascoza; Antonio Bento Alves de Moraes; Áderson Luiz Costa Jr. O TRATAMENTO ODONTOLÓGICO COMO GERADOR DE ANSIEDADE.
“A submissão a tratamento odontológico tem sido relatada, por muitos pacientes, como uma condição geradora de estresse e de ansiedade (Moraes, Costa Junior & Rolim, 2004; Possobon, Caetano & Moraes, 1998; Poulton, Thomson, Brown & Silva, 1998). Além dos fatores aversivos inerentes ao tratamento, incluindo equipamentos e instrumentos, é possível que a sensação de ter parte de seu corpo físico invadida leve o paciente a perceber a situação como ameaçadora (Klatchoian, 2002), gerando maior probabilidade de comportamentos de esquiva e/ou fuga.” (p.610)
“Como a função principal do cirurgião-dentista é manter uma boa condição de saúde bucal de seu paciente e, para tanto, necessita avaliá-lo em visitas preventivas freqüentes, é essencial esse profissional fazer uso de intervenções que ajudem o paciente a adquirir e manter comportamentos de saúde, bem como a enfrentar a situação odontológica com um mínimo de estresse. Entretanto, para que o cirurgiãodentista possa implementar estratégias que minimizem o estresse comumente gerado pelo tratamento e pelo ambiente do consultório, é necessário que aprenda a identificar comportamentos indicadores de ansiedade e seja capaz de estabelecer uma adequada relação com o paciente.” (p.610)
“As crianças que evocam alta freqüência de comportamentos que dificultam ou impedem a atuação do cirurgião-dentista devem ser submetidas a sessões planejadas de tratamento, nas quais práticas educativas e estratégias cognitivas e comportamentais podem permitir o manejo do comportamento sem a necessidade de contingências aversivas (Moraes, Possobon, Costa Junior & Rolim, 2005). Não obstante, algumas situações, tais como as de urgência, a criança não-colaboradora pode ser contida fisicamente para que seja realizado o tratamento emergencial e proporcionada a eliminação da dor e/ou interrupção do processo infeccioso. A partir desta sessão, várias outras sessões podem ser necessárias para a adaptação comportamental da criança à situação odontológica e a continuidade ao tratamento com a sua colaboração.” (p.611)
“O papel do cirurgião-dentista não deveria se limitar à execução do tratamento bucal, mas incluir a identificação de situações geradoras de ansiedade para o paciente e a investigação de suas possíveis origens. Desse modo, evitar-se-ia a evocação de comportamentos de medo e poder-se-ia intervir no sentido de ensinar o paciente a perceber a situação odontológica sob outro aspecto, com menor suscetibilidade à ansiedade. A colaboração de pesquisadores de psicologia treinados em estratégias comportamentais e cognitivas tem sido cada vez mais comum em alguns grandes centros de atendimento odontológico (Moraes, Costa Junior & Rolim, 2004).” (p.612)
“Relatos de pais parecem apontar para o fato de que a criança desenvolve melhor interação social com odontopediatras que demonstram preocupação com os sentimentos da criança ao longo das sessões de tratamento, o que poderia influenciar positivamente a percepção da criança em relação ao profissional (Majstorovic, Skrinjaric, Glavina & Szirovicza, 2001).” (p.613)
“Segundo Klatchoian (2002), a odontologia, por ser uma área sujeita a uma grande quantidade de estressores, destacando-se entre eles a dificuldade em lidar com o paciente, pode levar à exaustão profissional. A autora faz referência a diversos trabalhos de pesquisa que avaliam a incidência de doenças relacionadas ao estresse em cirurgiõesdentistas. Os dados apontam que a incidência de alterações coronarianas e hipertensão arterial é 25% mais freqüente nestes profissionais do que na população geral.” (p.615)
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/pe/v12n3/v12n3a18.pdf
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