Feminização do curso de odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros
Simone de Melo Costa Sarah Jane Alves Durães Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu. Feminização do curso de odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros.
“A odontologia, historicamente, tem sido caracterizada como uma profissão tipicamente masculina. No entanto, atualmente, tem-se discutido que ela passa por um processo crescente de feminização. Esse termo é também utilizado na literatura como feminilização e se refere, normalmente, a um franco crescimento da população feminina em algumas profissões que historicamente eram desempenhadas pelos homens, como exemplo medicina e odontologia. Entretanto, neste artigo o termo feminização deve ser entendido não somente como um processo de alteração quantitativa de mulheres em determinada área ou setor de trabalho, por exemplo, mas como uma alteração qualitativa de atributos masculinos ou femininos que tendem a ser associados às atividades desenvolvidas dentro das ocupações.” (p.1866)
“A entrada feminina nas instituições de ensino superior é um fenômeno recente; especificamente, referimo-nos ao boom ocorrido a partir da década de setenta, cujo impacto no campo do trabalho é, ainda, pouco dimensionado no estudo das profissões. De 1991 a 2004, o número de estudantes do sexo feminino no ensino superior cresceu 181%, sendo que o crescimento de estudantes masculinos foi de 148%.” (p.1866)
“Sabe-se que o mercado de trabalho torna-se mais receptivo a quem está mais qualificado.Dessa forma, as mulheres mais instruídas apresentam maior participação no mercado, podendo ter atividades mais gratificantes e melhor remuneradas, compensando as despesas, com a estrutura doméstica, que suprem sua saída do lar. Assim como acontece com os homens, a atividade das mulheres aumenta entre as que têm mais de oito anos de estudo. Quando as mesmas têm nível superior de ensino (quinze anos ou mais), elas tornam-se mais ativas.” (p.1867)
“O movimento feminista ocorrido na década de setenta se constituiu como uma manifestação de mulheres que, mesmo integrando diferentes classes sociais, viviam situações de discriminação muito semelhantes. Entre as conquistas daquele movimento reivindicatório, as mulheres que possuíam melhores condições econômicas se inserem no ensino universitário e, consequentemente, entram no mercado de trabalho.” (p.1868)
“Da segregação ao gueto, homens e mulheres convivem no mesmo espaço profissional, à mixidade de gênero, o que pressupõe condições igualitárias de exercício das funções. O fato de as mulheres estarem se inserindo dentro de setores anteriormente masculinos, com exigência de alta qualificação, abre novas perspectivas, visando ao sentido de promoção de igualdades num primeiro momento. A partir daí, passou-se a argumentar no sentido de suprimir as diferenças entre gêneros no mercado de trabalho.” (p.1869)
“O acesso às universidades é fruto do processo de modernização e de mudança cultural no nosso país e oportunizou a inserção das mulheres em novos postos de trabalhos, mais gratificantes e melhor remunerados, considerando a educação como bem estruturador de novas relações de poder. O curso de graduação em odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes, desde a sua implantação, tem apresentado uma maior porcentagem de mulheres, tanto com relação aos ingressos (52,43%) como também em relação aos formados (61,40%). A diferença entre homens e mulheres já se inicia desde o processo seletivo, em que a procura pelo curso é majoritariamente das mulheres (65,16%).” (p.1872)
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000700100&lang=pt
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